NELAS VEJO MINHA ALMA

NELAS VEJO MINHA ALMA
A suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados.

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

“Tateando”




- Procuro-te, avançando aparentemente decidida,
Porém, deslizo ondulante, sinuosa, lânguida,
Por arestas que quem sabe sejam jamais buriladas.

- Esquivo-me, ancorado em meu relutante compromisso.
De andar disperso e descrente, incubado, módico,
Como quem sequer aspira ser tocado por um corpo.

- Domando vertigens, medos, silêncios pragmáticos.
Mistificando rituais, aventuro-me a alcançar tua alma,
Tocar tua matéria com a compostura de um faquir.

- Remonto ao passado, árduo, num choro copioso, assim
Querendo muito farejar uma última ilusão esquecida
Num mar de puro escárnio para cogitar o teu afã.

- Afrontando os desejos desta carne que me veste
E me conduz mansamente pelos obscenos sonhos,
Abandono-me no sentimento que provocas.

- O braseiro que acendes quando volta e meia volta
Encarcera-me desnudo, tateando o precipício,
Optando, num flash, entre o vôo e o ocaso.

- Calando meus barulhos, sorvo o cálice que me ofereces,
Perfilhando os efeitos de tuas estratégias,
Que avivam meu sangue com veladas promessas.

- É mais do que verdade o meu amor ávido por esperanças,
Que suplanta o leito de tristezas onde pernoito
E permite que eu cobre-me um bissexto rompante.

- Cala-te, pois eu quero.

- Calo-me, pois me rendo.

Glória Salles & Abel Puro
Setembro 2009

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