RAINHALADA –
Vai, rainha, pega o teu par de asas,
esse que os sonhos te deram ainda cedo,
instala-o em teu dorso de beldade e alça teu vôo
panorâmico na brisa dos primeiros alvores do amanhecer.
Faze teu último revôo sem pesar nem dor sobre a aldeia que te viu nascer,
que assistiu a teus primeiros passos,
que viu brotar em ti as primeiras brotoejas desses sonhos desabridos.
Depois, rainha, segue teu destino sem olhar para trás,
porque é lá no azul sem fim da distância que teus sonhos encontrarão
a argamassa e os secantes propícios para se tornarem concretos em tua vida.
Vai, rainha, busca teu horizonte maior.
Vai pegar carona em tua carruagem encantada no arco-íris de mil cores,
pegar a lua de prata, obter o tão almejado verniz de luz,
adentrar o teu éden sonhado,
fruir as maravilhas do sétimo céu que se esconde nos outeiros para
além da visão embaçada dos mortais comuns.
além da visão embaçada dos mortais comuns.
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RAINHALADA II (continuação) –
Se um dia, rainha, tuas asas se amolecerem,
se teu vôo perder altura e equilíbrio,
se o verniz de tua tez se enfeixar em rugas,
se a clarividência de teus olhos finalmente
anuviar e o horizonte se fechar em muralhas de ardósia,
podes voltar, rainha, que estarei te esperando.
Serei o mesmo, pronto para cumprir as promessas que fiz.
Sei que, por ora, rainha,
me faltam estratégias e cabedais para
manter-te nos fechos de meus domínios,
por isso, vai viver a força plena da aventura,
mas quando queimares a lenha que
mantém a fervura de teus sonhos,
volta, volta sem receio, ó rainha,
que estarei em meu posto de espera.
Serei o poço do remanso em que poderemos
fruir as aventuras de um amor maduro e sereno.
Serei a ponte de pedra,
sobre a qual poderemos olhar lá em baixo
a turbulência das águas turvas que levam tudo de roldão.
Serei tua felicidade verdadeira, rainha,
que buscaste no mundo todo,
mas que estava bem ali
no mais íntimo de teu coração.
(Eugenio Santana – copy-desk)
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